NOSSO RESUMO

A matéria, publicada na revista Veja, apresenta o Pembrolizumabe, medicamento em desenvolvimento para tratar o câncer de pulmão metastático. De acordo com as informações apresentadas, o novo medicamento é capaz de reduzir pela metade a progressão da doença e em 40% o risco de morte. Estes dados, entretanto, não foram suficientemente descritos, tendo em vista os termos adotados, a falta de informação sobre os comparadores utilizados e as estatísticas atuais para os desfechos selecionados. Os custos, disponibilidade no Brasil e riscos potenciais não foram abordados. Não foram apresentadas evidências científicas sobre o medicamento ou suas limitações. A linguagem utilizada foi carregada de recursos literários que exacerbaram os benefícios, sem contextualizá-los.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O câncer de pulmão é uma das principais causas de morte evitável em todo o mundo. Em 90% dos casos diagnosticados está associado ao tabagismo, relacionando-se com a quantidade de cigarros consumida e a duração do hábito de fumar. A sobrevida média cumulativa total em cinco anos varia entre 13% e 21% em países desenvolvidos e entre 7% e 10% nos países em desenvolvimento. No Brasil, entre 2005-2009, foi o tipo de câncer que mais fez vítimas entre os homens e foi o segundo mais letal entre as mulheres (Brasil, 2012). De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima-se que entre 2016 e 2017 haverá 28.190 novos casos de câncer de pulmão no Brasil. O tratamento do câncer de pulmão é estabelecido conforme o tipo e o estágio da doença, podendo ser cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação destas formas de tratamento. Em função de sua alta letalidade, a disponibilização de alternativas custo-efetivas de tratamento é extremamente relevante.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Trata-se do Pembrolizumabe, medicamento que está na fase final do desenvolvimento e é indicado para tratamento do câncer de pulmão. O composto é um imunoterápico e, de com acordo com dados apresentados, será capaz de reduzir a progressão da doença, além de sua letalidade.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
De acordo com os dados apresentados, o Pembrolizumabe deverá ser aprovado pela agência regulatória americana, o Food & Drug Administration (FDA), com indicação para pacientes com câncer de pulmão metastático. Foram apresentados dados epidemiológicos da doença, mas as fontes não foram informadas.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
A redução da progressão da doença e do risco de mortalidade foram apresentadas como principais benefícios do medicamento. Os termos adotados, no entanto, não foram suficientemente claros, dificultando o adequado entendimento sobre os resultados (por exemplo, refere-se a um aumento da sobrevida livre da progressão da doença?). Além disso, não foram informados os comparadores utilizados, bem como dados estatísticos dos desfechos, não sendo possível avaliar a representatividade dos benefícios citados.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos do medicamento, bem como possíveis custos adicionais relacionados ao uso da tecnologia.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
A disponibilidade do Pembrolizumabe no Brasil, por meio do Sistema Único de Saúde ou pela iniciativa privada, não foi abordada. Relatou-se apenas que o medicamento está sendo testado em 20 centros no país, em estudos conduzidos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Os medicamentos quimioterápicos foram descritos como alternativa ao imunoterápico, sem, no entanto, citar quais são. Foram apresentadas apenas as vantagens do Pembrolizumabe, não sendo discutidas suas desvantagens e seu enquadramento no âmbito das alternativas existentes.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os potenciais riscos do medicamento.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As referências aos entrevistados foram identificadas. As fontes dos dados epidemiológicos e dos benefícios descritos, contudo, não foram apresentadas. Desta forma, não se pode afirmar que a matéria é isenta, visto que não foi possível avaliar a qualidade das fontes.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Não Satisfatória
As evidências apresentadas acerca do medicamento não foram suficientemente claras e como as fontes não foram descritas, não foi possível avaliar a coerência com o contexto real. A linguagem utilizada foi clara, mas utilizou recursos literários que exacerbam possíveis benefícios do medicamento – como, por exemplo, “resultados extraordinários”, “extraordinária janela de esperança”, “mecanismo extremamente preciso e sofisticado”, “história de sucesso”, dentre outros.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentadas evidências científicas ou estudos publicados sobre o medicamento. Houve apenas uma citação em relação aos estudos que estão sendo conduzidos pelo Intituto Nacional do Câncer (Inca) com pacientes brasileiros, sem descrever as limitações da evidência disponível.
Natália FreitasMedicamentosNOSSO RESUMO A matéria, publicada na revista Veja, apresenta o Pembrolizumabe, medicamento em desenvolvimento para tratar o câncer de pulmão metastático. De acordo com as informações apresentadas, o novo medicamento é capaz de reduzir pela metade a progressão da doença e em 40% o risco de morte. Estes dados, entretanto,...A sua notícia revisada por especialistas