Saúde Brasil desenvolve novo tratamento para hiperplasia da próstata
NOSSO RESUMO
A matéria publicada na revista Veja apresenta uma nova alternativa de tratamento para hiperplasia prostática, conhecimento como embolização. É um procedimento semelhante ao cateterismo e não há necessidade de internação. Utilizando-se anestesia local, um cateter de 2 milímetros de diâmetro é introduzido na artéria femoral. Segundo a matéria, com o auxílio de um aparelho de raios X, este tubo navega até a próstata, onde uma substância é injetada para reduzir a circulação de sangue no local, o que alivia a obstrução da uretra, permitindo a passagem da urina sem dificuldade. Por se tratar de um procedimento novo, a matéria destaca que esse foi recentemente aprovado, desde que indicado por um urologista e realizado por um radiologista intervencionista. No entanto, não são descritas as informações sobre o financiamento no SUS e se será ou não fornecido por meio de planos/convênios de saúde vigentes no território brasileiro.
Os possíveis efeitos indesejados após o procedimento, que incluem ardor para urinar e micção frequente, foram descritos. Porém, não foram quantificados os riscos ou potenciais danos.
O estudo envolvendo 250 pacientes, utilizado para descrever a tecnologia, não foi referenciado a uma publicação cientifica. Alem disto, não foram descritas as limitações do estudo e o tempo para sua realização. O procedimento, desenvolvido no Brasil, já foi aprovado na Europa e nos Estados Unidos para projetos de pesquisa.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A próstata é uma glândula acessória do aparelho reprodutor masculino, que fica localizada na base da bexiga e é atravessada pela uretra. A hiperplasia prostática é uma condição médica caracterizada pelo aumento benigno da próstata, que normalmente se inicia em homens com mais de 40 anos e pode provocar estreitamento ou obstrução da uretra levando a dificuldade de micção. De forma geral, 45% dos homens acima dos 46 anos de idade irão sofrer os sintomas da hiperplasia prostática até os 70 anos de idade. As taxas de incidência aumentam com a idade: de 3 casos por 1.000 homens na faixa etária de 45-49 anos, para 38 casos por 1.000 na faixa etária dos 75-79 anos (Verhamme KM et al., 2002).
A hiperplasia pode ser uma doença progressiva, principalmente se não for tratada. O não-esvaziamento completo da bexiga pode resultar em estase de microrganismos e, dessa forma, aumentar o risco de infecções do trato urinário. Pode ocorrer ainda a formação de pedras na bexiga, devido à cristalização dos sais contidos na urina residual. Assim, torna-se cada vez mais necessária a disponibilização de alternativas de tratamento eficazes e menos invasivas.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: A palavra \”HIPERPLASIA\” no título dificulta a compreensão para o leitor leigo. Estrategicamente deveria trazer uma definição mais clara do que é hiperplasia.
INTERTÍTULO: Na mesma linha o leitor não recebe, no intertítulo, informações claras sobre o procedimento. Dizer que a técnica será de \”embolização\” pouco ajuda na compreensão do leitor leigo.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: possivelmente de release enviado pela assessoria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) ou fontes ligadas ao novo procedimento, como médicos do hospital.
DEFINIÇÃO: A definição do que é HIPERPLASIA da próstata só aparece no segundo parágrafo do texto. Ou seja, desde o título até o segundo parágrafo o leitos não tem a definição clara da doença, o que prejudica a avaliação sobre a nova técnica (constatar a importância dela). A reportagem traz primeiramente que é a técnica e para exemplificar à compara ao procedimento cateterismo, além disso informa se é menos invasiva que as demais opções de intervenção. Além disso, aponta para um alto índice de eficácia do novo procedimento (90%). Em seguida à definição do que é hiperplasia da próstata há o apontamento de uma das prováveis causas, e a quem afeta. Há, também, explicação de limitações para o uso da técnica por pessoas que apresentam quadros clínicos que não são favoráveis ao procedimento.
A reportagem traz definições das outras técnicas e os pontos de limitação das mesmas. Tudo sobre a ótica do chefe do serviço de radiologia intervencionista do HCFMUSP e um dos criadores do novo tratamento. A reportagem traz, também, a informação de que o Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou a técnica, mas não tem fonte do CFM dando mais detalhes para tal aprovação e a importância disso.
FONTE DE INFORMAÇÃO: A fonte principal ou única fonte de informação é o chefe do serviço de radiologia intervencionista do HCFMUSP e um dos criadores do novo tratamento. Não há outra fonte de informação que contraponha ou faça considerações a cerca da técnica.
PUBLICIDADE/ INTERESSE COMERCIAL: Não há evidências de uma publicidade aberta da tecnologia, embora o texto reforce as características da nova técnica colocando-a como opção mais vantajosa de tratamento.
RECURSOS VISUAIS: Não foram utilizados
CONCLUSÃO: A estrutura da reportagem, principalmente, no início compromete o entendimento do leitor que demora a ter informações mais detalhadas sobre a doença para a qual a técnica foi criada para combater. Traz fonte exclusivamente fonte de informação interessada na divulgação da técnica, sem apresentar outros pontos de vista. A falta de recursos visuais, como ilustração, que explica didaticamente a nova técnica e as diferenças em relação às demais procedimentos merece ser considerada porque a existência desses recursos contribuiriam para a compreensão do assunto. A reportagem também não trouxe informações se a nova técnica será oferecida pelo SUS, o que poderia ser de grande interesse ao leitor, embora reforce que foi aprovada pelo Conselho Federal de Medicina.
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