NOSSO RESUMO

A matéria, publicada no Jornal O Globo, destaca a cloroquina, um medicamento utilizado no tratamento da malária que tem sido estudado para a prevenção de microcefalia e danos ao feto, em mulheres gestantes infectadas com o zika vírus. O estudo encontra-se em fase inicial e a eficácia, efetividade e segurança do medicamento precisam ser comprovadas para a condição em estudo, garantindo assim a sua aplicabilidade no controle ou prevenção dos problemas decorrentes da infecção pelo zika virus. O medicamento já possui registro de uso no Brasil e está disponível no SUS para o tratamento de condições de saúde específicas, como o caso da malária. Não foram abordadas pela matéria o custo do medicamento ou do tratamento. Além disto, estudos científicos publicados sobre o tema não foram referenciados.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A zika é uma doença infecciosa viral emergente de característica aguda. A infecção pelo vírus da zika espalhou-se rapidamente nos últimos anos pela América Latina, sendo transmitida principalmente pelos mosquitos Aedes Aegypti e A. albopictus. A doença caracteriza-se por exantema maculopapular pruriginoso, febre intermitente, hiperemia conjuntival não purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia e dor de cabeça. A maior parte dos casos apresenta evolução benigna e os sintomas geralmente desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias. No entanto, observa-se a ocorrência de óbitos pelo agravo, aumento dos casos de microcefalia e de manifestações neurológicas associadas à ocorrência da doença, que representam desafios para a ciência. O tratamento da doença ainda está sendo pesquisado e a prevenção é uma importante alternativa no combate ao vírus.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Trata-se de um estudo para avaliar o uso de cloroquina em células neuronais em desenvolvimento acometidas por infecção com zika vírus. A cloroquina é um medicamento utilizado no tratamento da malária, há anos, e tem registro e uso consolidado no Brasil. Portanto, não é uma nova entidade química e nem está protegida por patente, sendo uma possível nova indicação para um medicamento já disponível no mercado.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A indicação foi claramente apresentada e destina-se à prevenção de microcefalia e danos cerebrais em fetos de gestantes infectadas pelo zika vírus. Entretanto, dados epidemiológicos que comprovem a zika como um problema de saúde pública, bem como enfoque sobre a necessidade de enfrentamento da condição no Brasil, não foram apresentados.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
O benefício do uso da cloroquina foi apresentado de forma clara e destina-se a impedir a infecção das células neuronais, em desenvolvimento, pelo vírus da zika, no início da gestação. Esta ação pode representar ser um ganho na prevenção da microcefalia. Entretanto, os desfechos não foram apresentados de forma clara. Não se informou, por exemplo, a redução da taxa de infecção por zika virus, a contagem de vírus nas células ou a redução de lesão em células neuronais. Assim, não foi possível avaliar se os dados são realmente representativos para a condição em estudo.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Apesar de estar disponibilizada no mercado brasileiro há muitos anos, a reportagem não apresentou uma estimativa de custos de tratamento com a cloroquina . Embora a substância esteja em testes iniciais para a nova indicação, o medicamento tem preço definido no Brasil, segundo a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Não foram apresentados dados sobre o registro do medicamento na ANVISA e sobre a disponibilidade por meio do SUS. A disponibilidade do medicamento por meio de planos e seguros de saúde também não foi abordada. A cloroquina tem registro de uso no Brasil e está disponível no SUS por meio dos Componentes Estratégico e Especializado da Assistência Farmacêutica para o tratamento de malária, artrite reumatóide e do lúpus eritematoso sistêmico.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não foi relatada a inexistência de alternativa terapêutica à cloroquina para a condição em estudo e, consequentemente, não se discutiram as vantagens e desvantagens do possível uso da cloroquina, nem seu enquadramento como novidade na prevenção dos danos cerebrais e microcefalia nos fetos de mães infectadas pelo vírus da zika.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais eventos adversos e riscos associados ao uso da cloroquina não foram descritos. Destacou-se apenas que a cloroquina é segura para ser utilizada em gestantes.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
Detalhes sobre as fontes de informações, sobre os dados do estudo e os possíveis conflitos de interesses não foram apresentados. As fontes de informação referenciadas foram as equipes do Instituto de Biologia e do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ e do instituto D`Or.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A reportagem apresenta linguagem clara e objetiva e destaca a cloroquina como uma possibilidade futura para o enfrentamento da microcefalia.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
A matéria não referenciou estudos científicos publicados sobre o tema. Não houve relato da fase do estudo ( se in vitro ou in vivo), e sobre as limitações da evidência disponível. Portanto, a qualidade da evidência não pode ser avaliada.
Michael RubersonMedicamentosNOSSO RESUMO A matéria, publicada no Jornal O Globo, destaca a cloroquina, um medicamento utilizado no tratamento da malária que tem sido estudado para a prevenção de microcefalia e danos ao feto, em mulheres gestantes infectadas com o zika vírus. O estudo encontra-se em fase inicial e a eficácia, efetividade...A sua notícia revisada por especialistas