Anvisa concede registro a remédio para pacientes com atrofia muscular espinhal
NOSSO RESUMO
A matéria, publicada no portal G1, apresenta o Spinraza, novo medicamento recentemente registrado no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Trata-se do primeiro medicamento registrado para o tratamento da Atrofia Muscular Espinhal (AME). Os benefícios e os potenciais riscos do medicamento não foram descritos. Também não foi relatada a existência de alternativas terapêuticas para o tratamento da doença. De acordo com as informações apresentadas, haverá negociação de preço do produto com o governo brasileiro, tendo em vista se tratar de um medicamento muito caro. Porém, não foi informado o custo do medicamento ou o custo estimado do tratamento. A linguagem utilizada foi clara, não sendo identificado potencial conflito de interesse na construção do texto. Não foram apresentadas evidências científicas sobre eficácia e segurança do medicamento e não houve referência a estudos científicos publicados que comprovem a indicação e eficácia do produto.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença neurodegenerativa com herança genética autossômica recessiva. É a principal desordem fatal com esse caráter genético, depois da fibrose cística, com uma incidência de 1:6.000 a 1:10.000 nascimentos. A mutação genética que dá origem à doença provoca a redução dos níveis da proteína de sobrevivência do motoneurônio (SMN) nos indivíduos, o que leva à sua degeneração, resultando em fraqueza e paralisia muscular progressiva e simétrica. A AME pode ser classificada em quatro tipos (I a IV), de acordo com a idade de início da doença e a máxima função motora adquirida, sendo a tipo I a forma mais grave e com expectativa de vida de cerca de 2 anos (BAIONI, 2010). Atualmente, o tratamento da AME envolve vários cuidados multidisciplinares, que visam reduzir o progresso da doença e prolongar a vida do indivíduo, sobretudo por meio de ventilação mecânica ou terapia de suporte. O Spinraza é o primeiro medicamento registrado para o tratamento da doença. Considerando tratar-se de um medicamento novo e de alto custo, faz-se necessário o adequado conhecimento sobre sua efetividade e segurança, ou seja, sobre seus benefícios e potenciais riscos para o paciente. Além disto, o valor para comercialização deve ser estabelecido de forma a garantir o acesso da população à nova tecnologia.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: Nos últimos meses houve uma grande movimentação nas redes sociais sobre um medicamento comercializado no exterior para o tratamento de atrofia muscular espinhal. A concessão pela Anvisa para a venda do remédio aqui vem como título da reportagem para atrair o interesse, em especial, das pessoas que fizeram parte desse movimento na internet.
INTERTÍTULO: Complementa o título apresentando que o grupo engajado nesse movimento é de fato de pais que fizeram o apelo para que o remédio fosse aprovado pela ANVISA.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: release da ANVISA
DEFINIÇÃO: A definição do remédio foi bem apresentada no início da reportagem, bem como a incidência de pessoas que sofrem com a doença e a forma pela qual o remédio poderá ser comercializado no Brasil (injetável). Não foram apresentadas outras formas de tratamento oferecidos aos portadores da doença.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: O nome das empresas estrangeiras que desenvolvem o medicamento é apresentado na reportagem assim como o nome da detentora do registro no Brasil. Mas não há indicação publicitária que comprometa a condução da reportagem.
FONTES DE INFORMAÇÃO: A única fonte de informação foi a ANVISA
RECURSOS VISUAIS: Fotografia de crianças que necessitam do tratamento.
CONCLUSÃO: A reportagem é bem \”superficial\” porque não traz detalhes sobre o efeito do medicamento no organismo das pessoas portadoras da doença (isso poderia ser melhor detalhado- como a qualidade de vida dos portadores da doença poderia melhorar, por exemplo – e nem dá \”voz\” às famílias que certamente irão fazer uso do medicamento (por serem justamente elas que iniciaram a campanha para que a droga pudesse ser autorizada para uso no Brasil). A reportagem cita que o governo trabalha com a possibilidade de conseguir um valor mais acessível para a comercialização da droga no Brasil. Vale ressaltar que a reportagem pode ter sido uma nota de uma reportagem mais completa exibida no programa de televisão BEM ESTAR, já que o texto foi publicado na página do online do programa.
Deixe uma resposta