Visão refeita
NOSSO RESUMO
A matéria, publicada na revista Istoé, apresenta o Istent, um microdispositivo para implante ocular em pacientes com glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), de leve a moderado, capaz de estabilizar a pressão intraocular. De acordo com os dados apresentados, a cirurgia de implante do dispositivo apresenta como vantagens a recuperação rápida e a manutenção da conjuntiva ocular intacta. Contudo, as desvantagens da nova tecnologia frente às outras alternativas terapêuticas não foram discutidas. Foi informado que o dispositivo possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e o custo da cirurgia é de, aproximadamente, R$ 6.000,00. Não foram descritos os potenciais riscos ou danos decorrentes da utilização do dispositivo ou da cirurgia para seu implante. Do mesmo modo, não foram apresentados dados de estudos científicos publicados, não sendo possível, portanto, avaliar adequadamente a qualidade e isenção das evidências apresentadas. As limitações da intervenção também não foram discutidas.
POR QUE ESSE TEMA IMPORTANTE?
O glaucoma é uma doença crônica que acomete os olhos, não tem cura e é capaz de causar cegueira. Na maioria dos casos, no entanto, pode ser controlada com tratamento adequado e contínuo. A doença é provocada pela elevação da pressão ocular e pode se desenvolver durante meses ou anos sem apresentar nenhum sintoma, manifestando-se de diferentes formas: de ângulo aberto (80% dos casos), de ângulo fechado, de pressão normal, pigmentar, secundário. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a cada ano são registrados cerca de 2,4 milhões de novos casos de glaucoma no mundo, sendo a doença responsável por 10% dos casos de cegueira. Estima-se que entre 2% e 3% da população brasileira acima de 40 anos possa ter glaucoma, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia. No país, o tratamento é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (PORTAL BRASIL, 2015).
Em decorrência do aumento da expectativa de vida da população, doenças como o glaucoma tem se tornado epidemiologicamente cada vez mais importantes. Mediante este cenário, a disponibilização de alternativas eficazes que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes é extremamente relevante.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: O título instiga à leitura por apresentar apenas duas palavras: VISÃO REFEITA. Como refeita? Qual o processo? Seria uma cirurgia? A pessoa era totalmente cega?
INTERTÍTULO: A estratégia foi trazer para o intertítulo a explicação de que na verdade se tratar de um novo tratamento do glaucoma: a implantação de uma prótese minúscula.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: release da empresa que desenvolveu o produto, oftalmologista que já estão utilizando o método aqui no Brasil.
DEFINIÇÃO: A definição do dispositivo que é colocado cirurgicamente no olho do paciente é feito de forma clara, sem uso de termos muito técnicos. Há explicação do perfil ideal de paciente para o uso da prótese, fala dos tratamentos alternativos e o custo (que é particular). Apesar da aprovação pela Anvisa a prótese não é oferecida pelo SUS e não há nenhuma indicação de quando isso pode ser oferecido.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: O texto trabalha ressaltando muito positivamente o uso da prótese, embora tenham sido apresentadas as outras possibilidades para o tratamento da doença e seus respectivos efeitos colaterais. Na comparação a prótese é tratada como um procedimento mais eficaz e quem dá garantia disso é uma oftalmologista.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Não foram ouvidos os criadores da prótese, nem representantes da empresa que fabrica esse dispositivo ocular. Uma médica fala sobre o uso dessa prótese mas não há um esclarecimento do grau de conhecimento e envolvimento dela sobre a técnica. Não fala se essa médica que é a principal fonte da reportagem é ou não habilitada para fazer a cirurgia aqui no Brasil e ou se ele é da Sociedade Brasileira de Oftalmologia ou de uma clínica que realiza o procedimento.
RECURSOS VISUAIS: Foi usada uma ilustração explicativa do modelo dessa prótese.
CONCLUSÃO: a reportagem traz de forma bem informativa essa nova tecnologia. Explica quais são as outras formas de tratamento e para ilustrar busca uma paciente que está na expectativa de se livrar dos colírios necessários para o tratamento em substituição à prótese. Faltou um aprofundamento maior sobre as reações de quem já faz uso da prótese, efeitos colaterais, reações adversas. isso contribuiria para deixar a reportagem mais completa.
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