EUA autorizam primeira terapia genética para tratamento de câncer
NOSSO RESUMO
A matéria, publicada no portal G1, apresenta uma técnica inovadora de terapia genética, a CAR T-cell, cujo tratamento é individualizado e potencialmente capaz de auxiliar no tratamento do câncer e outras doenças graves. Recentemente, a terapia foi liberada para uso no Estados Unidos, pelo órgão regulatório Food & Drug Administration (FDA), para o tratamento da Leucemia Linfoide Aguda (LLA). Os benefícios da utilização da técnica, no entanto, não foram claramente descritos. Destacou-se apenas que se tratar de uma técnica inovadora e promissora. Contudo, resultados incluindo os desfechos avaliados para a doença, não foram apresentados. Os custos e os potenciais riscos e danos da tecnologia não foram amplamente abordados. No que diz respeito à disponibilidade no Brasil, foi ressaltada a existência de barreiras financeiras e tecnológicas para aplicação da técnica em âmbito nacional. Não foram apresentados dados de estudos científicos publicados, não sendo possível avaliar adequadamente a qualidade das evidências científicas.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
Terapia gênica é o tratamento baseado na introdução de genes sadios com uso de técnicas de DNA recombinante. O primeiro teste clínico bem-sucedido dessa técnica foi divulgado em 1990 (LINDEN, 2010). A técnica CART-cell, do inglês Chimeric Antigen Receptor T-Cell, usa uma tecnologia que extrai as células de defesa (células T) do paciente e modifica estas células fazendo com que elas ataquem as células cancerosas. Por esse motivo, a nova tecnologia possibilita um tratamento individualizado (GAMBERALE, 2014). Embora se trate de uma tecnologia promissora, há um longo percurso para que esteja efetivamente incorporada à prática clínica e acessível à população. No cenário nacional, há relatos sobre iniciativas do Hospital Albert Einstein em equipar-se com um laboratório de terapia celular para que profissionais treinados nessa tecnologia possam futuramente replicar o tratamento pelo país (JORNAL DO BRASIL, 2017).
Olhar Jornalístico
TÍTULO: Avanços no tratamento do câncer são em geral de interesse do leitor. E trazer no título a informação de que já está sendo usada uma técnica de utilização de terapia genética desperta a atenção daqueles que, curiosos, vão querer saber como é a terapia, se já está em fase de testes e para quais tipos de câncer ela pode ser utilizada.
INTERTÍTULO: Complementa o título, mas traz apenas a informação do órgão dos EUA que autorizou a terapia e o nome da técnica.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Possivelmente por agência internacional de notícias, release da Novartis empresa que possui a patente da terapia nos Estados Unidos.
DEFINIÇÃO: A definição sobre a técnica foi feita de forma clara e de fácil compreensão para o leitor
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Há a citação do nome da empresa que possui a patente da terapia nos Estados Unidos (Novartis). Isso pode ser entendido de alguma forma como uma espécie de publicidade indireta para a empresa.
FONTES DE INFORMAÇÃO: “The New York Times”, pesquisadores envolvidos na técnica dos EUA e a coordenadora de onco-hematologia do Centro de Oncologia do Hospital Sírio- Libanês.
RECURSOS VISUAIS: Apenas fotografia da célula T “reprogramada”. Para deixar ainda mais claro para o leitor como é essa técnica valeria uma ilustração explicando o seguinte processo descrito no texto: “Como ele é feito? As células T do paciente, uma espécie de “soldados” do sistema imunológico, são extraídas do sangue. São modificadas geneticamente para reconhecer o câncer e, depois, destruí-lo. Elas são redesenhadas e modificadas em laboratório e depois devolvidas à corrente sanguínea. Em resumo: as próprias células do paciente são “treinadas” para combater o câncer.
CONCLUSÃO: A reportagem é bem didática com uma preocupação em trabalhar o conteúdo sem uso demasiado de termos técnico-científico. Há, no entanto, a informação de que o tratamento, por enquanto, só pode ser feito em crianças e adultos com leucemia linfoide aguda (LLA) — a taxa de remissão nestes casos é, em média, de 83%. Mas, qual a faixa-etária dessas crianças? Quais as reações que elas já tiveram ao tratamento? Vale destacar também que houve a preocupação em apresentar o posicionamento de uma pesquisadora brasileira que explica quais são as limitações para a viabilização dessa técnica no Brasil.
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