NOSSO RESUMO

A matéria, publicada no portal G1, informa que o medicamento Levetiracetam foi incorporado ao Sistema Único de Saúde (SUS) para o tratamento de convulsões, em pacientes com microcefalia. De acordo com as informações apresentadas, o medicamento é eficaz, mas os benefícios de sua utilização para pacientes com anomalias decorrentes de infecção pelo vírus Zika não foram descritos. Os custos e os potenciais riscos ou danos decorrentes da utilização do medicamento também não foram mencionados. Apenas o Diário Oficial da União foi citado como referência, não tendo sido apresentadas quaisquer outras fontes de informação, o que impossibilitou avaliar a existência de conflito de interesse ou a qualidade da informação fornecida. Evidências científicas sobre a tecnologia não foram apresentadas.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O Zika é um vírus transmitido pelo Aedes aegypti e identificado pela primeira vez no Brasil em abril de 2015. A Microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. O Ministério da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos confirmaram a relação entre o vírus Zika e a microcefalia. Estima-se que a população mundial exposta ao vírus Zika seja de 1.357.605.792 pessoas, das quais 15,3% são brasileiros. No Brasil, até Maio de 2017, foram registrados 13.353 casos prováveis de febre pelo vírus Zika. Em 2016, foram registrados 205.578 casos prováveis, dos quais 10.867 foram notificados para Microcefalia. Desses, 3.183 (29,3%) casos permanecem em investigação e 7.684 (70,7%) casos foram investigados e classificados, sendo 2.366 confirmados, 49 prováveis e 5.269 descartados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
As investigações sobre o tema continuam em andamento para esclarecer questões como a transmissão desse agente, a sua atuação no organismo humano, a infecção do feto e período de maior vulnerabilidade para a gestante. A busca por opções terapêuticas para prevenção da infecção pelo vírus e tratamento de sintomas nos bebês acometidos pela Microcefalia também tem envidado muitos esforços, tendo em vista o grande impacto sócio-econômico da epidemia.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Trata-se do Levetiracetam, medicamento já utilizado para o tratamento da epilepsia crônica, e incorporado recentemente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), para o tratamento de convulsões em pacientes com anomalias decorrentes de infecção pelo vírus Zika.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A nova indicação do Levetiracetam foi claramente descrita, sendo recomendado para pacientes com microcefalia que apresentam convulsões. Não foram apresentados dados epidemiológicos da doença.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Os benefícios do medicamento não foram descritos. Relatou-se apenas a sua nova indicação de tratamento, sem detalhar ou quantificar os benefícios para o paciente.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram relatados os custos do medicamento e/ou do tratamento.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
Informou-se a recente incorporação do Levetiracetam pelo SUS, de modo que o medicamento será disponibilizado à população brasileira em um prazo máximo estimado de 180 dias. Não foram apresentadas informações sobre o fornecimento por planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não foi informada a existência de alternativas terapêuticas para o tratamento de convulsões, em pacientes com microcefalia.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Não foram descritos os potenciais riscos ou danos decorrentes da utilização do medicamento.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
Apenas a informação sobre o fornecimento pelo SUS foi referenciada ao Diário Oficial da União. As demais fontes não foram apresentadas, não sendo possível avaliar a inexistência de conflito de interesses.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada é clara e objetiva. Não foram apresentadas evidências científicas sobre o medicamento, mas houve coerência entre as informações apresentadas e o foco da matéria.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentados estudos científicos publicados ou outras evidências científicas sobre o uso do medicamento para a nova indicação, tais como, número de pacientes estudados, tempo de estudos, principais resultados e limitações.

Olhar Jornalístico

TÍTULO: O Brasil enfrenta, neste ano, uma das piores crises em relação aos casos de microcefalia provocados pela contaminação de bebês pelo vírus da Zika. E, por isso, a disponibilização de algum medicamento que possa prevenir ou impedir/ amenizar os efeitos dessa doença são de interesse da população. Ainda mais quando se destaca, no título, que um remédio está sendo incorporado pelo SUS, ou seja, oferecido gratuitamente à população.

INTERTÍTULO: Informa o princípio ativo do remédio (Levetiracetam) e para que serve no tratamento da Zika, complementando o título.

COMO A NOTÍCIA CHEGOU À INFORMAÇÃO: release agência de notícias do governo federal (Ministério da Saúde)

DEFINIÇÃO: A definição da finalidade do uso do remédio é clara, mas não há informações sobre outras formas de tratamento para conter os mesmos sintomas provocados pela doença e nem sobre os efeitos colaterais.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não é possível perceber indicação de interesses comerciais na reportagem

FONTES DE INFORMAÇÃO: o nome comercial do medicamento foi apresentado. Embora, seja citado que o medicamento é oferecido no SUS, houve a publicação do nome comercial do remédio, o que seria uma forma indireta de publicidade para a empresa farmacêutica que o produz.

RECURSOS VISUAIS: Não foram utilizados

CONCLUSÃO: O texto jornalístico, neste caso, é uma nota técnica sem desdobramento. Não foram ouvidos médicos, pacientes e nem outras pessoas direta ou indiretamente ligadas ao assunto. Não houve a apresentação de outras formas de tratamento para a doença.

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