Câncer: o primeiro tratamento 100% individualizado é feito no Brasil
NOSSO RESUMO: A reportagem mostra o primeiro paciente a receber o tratamento individualizado contra o câncer, CAR-T, método que associa imunoterapia à manipulação genética. Realizado no Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, ligado à Universidade de São Paulo, e com incentivo da Fundação de Apoio a Pesquisa de São Paulo. O mineiro Vamberto de Castro, 62, sofria de um linfoma não-Hodgkin de alto risco e já havia passado por outras terapias para tratar seu câncer, porém, não obteve boa resposta. Ele, então, submeteu-se ao tratamento-teste com CAR-T.
Linfomas são tumores sólidos do sistema imune, subdivididos em dois grupos: linfoma de Hodgkin e Linfoma não-Hodgkin – esse último foi o caso de Vamberto, abordado na matéria. Geralmente se desenvolve em gânglios linfáticos, mas pode afetar quase todos os tecidos do corpo. Compreendendo 90% dos linfomas, os não-Hodgkin apresentam uma grande variedade clínica e histológica. 85% a 90% desse tipo nascem dos linfócitos B, como foi o caso apresentado na notícia. O restante é proveniente das outras células do sistema linfático, como: T ou NK.
A técnica de CAR-T, utilizada para tratar o linfoma de Vamberto, é extremamente complexa, por isso o CTC só consegue realizar a terapia com um paciente por vez no momento. Ao colher amostras de sangue do paciente, separam-se as células T dele em laboratório,. Após manipulação, essas células recebem um novo receptor quimérico, CAR, que se dirige para encontrar antígenos CD19, encontrados nas membranas das células cancerosas do linfoma não-Hodgkin.
Dentro do corpo, essas células T com os novos receptores CAR, passam a integrar o sistema imune do paciente, atacando as células do câncer. Outras terapias podem ser associadas ao tratamento para melhor a eficácia das CAR-T, como quimioterapia e radioterapia. A vantagem deste método é que as células T com CAR começam a fazer parte da memória do sistema imunológico, podendo se reproduzir e se ativar quando novas células de linfoma forem detectadas pelo corpo.
No Brasil, o procedimento está em fase de testes e precisa da aprovação da Anvisa para fazer parte do quadro de tratamentos de câncer pagos pelo SUS. Atualmente, o custo dele está entre R$ 50.000 e R$ 100.000. Os pacientes submetidos ao programa são como o Vamberto, não obtiveram boa resposta com outros tratamentos e procuraram o departamento de oncologia do Hemocentro do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto para se oferecerem ao tratamento experimental.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?: Câncer é um conjunto de doenças caracterizadas pela desordenada divisão celular que afeta diferentes tecidos e órgãos. Tendem a ser agressivos e incontroláveis e podem se espalhar para outras regiões. Linfomas são tumores sólidos do sistema imune, caracterizados por essa divisão descontrolada em células do sistema linfático. Geralmente se dividem em linfomas Hodgkin e não-Hodgkin, que se diferem pela forma como se espalham pelos linfonodos. Existem mais de 20 tipos de Linfoma não-Hodgkin (LNH).
Em 2018, foram registrados 300.140 em homens e 282.450 em mulheres novos casos de quaisquer tipos de câncer. No mesmo ano, registrou-se 14.990 casos de linfomas não-Hodgkin e, destes, 68% foram em homens e 32% em mulheres (INCA). A letalidade foi de 2.434 homens e 1.960 mulheres, mostram os dados do Atlas de Mortalidade por Câncer (2015). De acordo com o Instituto Nacional de Câncer e dados do Ministério da Saúde, o número de casos de LNH duplicou nos últimos 25 anos.
A maioria dos linfomas é tratada com associação de terapias como quimioterapia, radioterapia e imunoterapia. As indicações médicas variam para o tipo, estágio e localização do linfoma. Esta nova junção de imunoterapia com manipulação genética é um acréscimo a essas estratégias utilizadas para a medicina no combate ao câncer.
TÍTULO: Tratamento feito com tecnologia brasileira é utilizado para especificamente combater câncer de paciente no Brasil.
INTERTÍTULO: Complementa o título trazendo o tipo de câncer tratado – linfoma não-Hodgkin – e ainda traz a eficácia para o caso particular deste paciente de 62 anos.
COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Release da Agência Fapesp e Jornal da USP.
DEFINIÇÃO: A notícia traz uma novidade no combate ao câncer, e pelo fato de ser realizado com tecnologia brasileira, mostra um avanço nas pesquisas científicas e tratamentos desenvolvidos por pesquisadores brasileiros. Aponta, de certo modo, uma valorização da ciência nacional e demonstra novos métodos de combate a uma doença como o câncer.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Sem identificação de interesse comercial.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Entrevistas com: Dimas Tadeus Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC) do Hemocentro do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (HCRP) da Universidade de São Paulo; Renato Cunha, diretor técnico do Centro de Transplante de Medula Óssea do HCRP, além de informações das agências Fapesp e Jornal da USP.
RECURSOS VISUAIS: Somente foto do paciente sujeito ao tratamento teste.
CONCLUSÃO: A matéria se mostra completa e coerente com a sua proposta. Além daquilo que foi apresentado por release de agências ligadas à pesquisa, a reportagem acrescentou outras informações como: custo do tratamento em outros países, paralelo de outros tratamentos disponíveis, a disponibilidade do novo método e as fases de teste. Ao final, demonstra que ainda não está no SUS e que necessita de aprovação da Anvisa. Faltou apontar ao leitor interessado onde encontrar os estudos clínicos feitos pelo grupo de pesquisa.
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