Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
O upadacitinibe é um novo medicamento indicado para o tratamento de artrite reumatoide, doença crônica e inflamatória atualmente sem cura. Espera-se que este medicamento atue provocando a remissão da doença.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
Embora a matéria relate que a indicação do upadacitinibe é para o tratamento de artrite reumatoide, não ficou claro se o medicamento pode ser utilizado por qualquer paciente ou se existem formas específicas da doença que respondem melhor à terapia. Dados a respeito da ocorrência da artrite reumatoide não foram apresentados.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
O principal benefício obtido com o upadacitinibe, segundo a reportagem, é a remissão da artrite reumatoide, um desfecho adequado e normalmente utilizado para avaliar o tratamento em pacientes com a doença. Entretanto, os resultados obtidos com o uso do medicamento foram apresentados de maneira superficial.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram informados o preço do upadacitinibe, nem os custos adicionais de seu uso no tratamento da artrite reumatóide (por exemplo, utilização concomitante de outros medicamentos para alívio dos sintomas). Os custos das atuais opções para o tratamento da doença também não são relatados.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
De acordo com a matéria, o medicamento aguarda aprovação da Anvisa, o que deverá acontecer até o final de 2020. Não foram apresentadas estimativas sobre a possível disponibilidade do produto pelo SUS ou por planos de saúde. É importante ressaltar, entretanto, que o medicamento não pode ser comercializado no país até que seja aprovado pela Anvisa.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Foi relatada a existência de alguns medicamentos, já disponíveis no mercado, para o tratamento de artrite reumatoide. Todavia, estes medicamentos não foram descritos. Desta forma, não houve discussão sobre as vantagens e/ou desvantagens da nova terapia em comparação com as opções já disponibilizadas para o tratamento da artrite reumatoide.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os possíveis riscos decorrentes do uso do upadacitinibe para o tratamento de artrite reumatoide não foram citados nem mensurados.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
Os dados sobre a eficácia do medicamento foram obtidos por meio de entrevista com uma gerente da empresa detentora da patente do upadacitinibe. Não foram utilizadas fontes independentes de informação nem houve a identificação de potenciais conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada na reportagem não é apelativa, apresentando os dados de maneira coerente.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
A matéria não descreveu se os dados apresentados foram publicados em algum artigo científico. Foi informada a realização de estudos em humanos, com um número significativo de voluntários. Entretanto, as limitações deste estudo não foram apresentadas ou discutidas.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: Já indica qual o alvo da nova tecnologia e sua principal vantagem; a escolha de palavras (renovar esperanças) denota que ainda não há certeza.
INTERTÍTULO: Não há.
COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: A convite da AbbVie, a repórter viajou ao Congresso Brasileiro de Reumatologia, em Fortaleza.
DEFINIÇÃO: A matéria se trata de um novo medicamento recém testado pela empresa estadunidense AbbVie, já aprovado nos Estados Unidos. Há uma breve explicação do que é a artrite reumatoide e falas de especialistas envolvidos na pesquisa sobre o sucesso dos estudos e as possibilidades trazidas pelo tratamento, bem como a previsão de aprovação no Brasil.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Como informado ao final da notícia, a biofarmacêutica AbbVie (responsável pelos estudos que testaram a nova medicação) financiou a viagem da repórter ao congresso. Uma das gerentes foi entrevistada.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Josef Smolen, professor da Universidade.Federal de Viena; Maiza Arruda, gerente médica de imunologia da AbbVie.
RECURSOS VISUAIS: Foto retirada do banco de imagens iStock de uma pessoa com dores no joelho.
CONCLUSÃO: O texto é bem escrito e traz informações importantes, tanto sobre a artrite reumatoide quanto sobre o estudo pautado e como funciona o medicamento. Apesar disso, faltam dados que contextualizem a doença no Brasil e no mundo e falas de pesquisadores ou profissionais da saúde brasileiros, ou ao menos de alguém não envolvido com a AbbVie. Uma reportagem mais extensa e completa, traduzida integralmente da Agência EFE, foi publicada um dia depois no portal, sob o título “‘Não saio da cama há meses’: a angústia de quem tem artrite reumatoide”.
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