Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Apresentou-se o extrato de canabidiol desenvolvido na USP, que recentemente chegou ao mercado. Trata-se do primeiro extrato dessa substância produzido no país a conseguir o registro na ANVISA.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Não Satisfatória
Descreveu-se que o produto foi registrado como um fitofármaco e, portanto, não possui nenhuma indicação clínica prédefinida. Contudo, houve menção de diversas condições clínicas nas quais o canabidiol pode ser utilizado: epilepsia; esclerose múltipla; esquizofrenia; dentre outras. Não foram apresentados dados epidemiológicos que justifiquem a indicação do produto.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Não Satisfatória
Os benefícios decorrentes do uso do canabidiol não foram mencionados.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não houve nenhum relato sobre os custos da tecnologia, de suas alternativas terapêuticas nem os custos adicionais à sua utilização.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
De acordo com a reportagem, a tecnologia obteve o registro na ANVISA em 22 de abril de 2020. Contudo, hão houve nenhum relato a respeito da possível disponibilização do extrato de canabidiol pelo SUS ou pelos planos de saúde privados.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
Foi relatada a existência de outra tecnologia, a base de extrato de canabidiol, registrada na ANVISA e disponibilizada no mercado, o Mevatyl. Contudo, mencionou-se que a nova tecnologia pode ser utilizada em diversas condições clínicas que sabidamente possuem alternativas terapêuticas; entretanto estas não foram citadas. A nova tecnologia foi apontada como sendo a primeira à base de extrato de canabidiol a não possuir indicação clínica pré definida.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Houve menção à existência de \”efeitos colaterais\”, mas eles não foram descritos nem quantificados. Eventos adversos de menor magnitude também não foram apresentados. Desta forma, os potenciais riscos/danos decorrentes do uso do extrato de canabidiol não foram devidamente descritos.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As fontes de informação utilizadas não foram descritas. Além disso, eventuais conflitos de interesse não foram identificados.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
De modo geral não houve sensacionalismo na linguagem utilizada, que apresentou as informações de maneira coerente, clara e objetiva.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não há indícios que as informações apresentadas foram extraídas de artigos científicos publicados. Também não foram mencionados estudos que tenham sido realizados em humanos. Consequentemente, não foram discutidas eventuais limitações das evidências científicas disponíveis.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: O título introduz a matéria apontando corretamente o que é descrito por ela. Apresenta informações importantes ao leitor antes que chegue a ler o texto.
INTERTÍTULO: Não tem.
COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: notícia lançada pelo Jornal da USP no dia 11/05/2020.
DEFINIÇÃO: A matéria descreve, conforme o título, o processo de pesquisa e os resultados envolvendo o extrato de canabidiol e avanços na medicina feitos na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto. Aponta para o processo de extração feito pelos pesquisadores brasileiros, bem como indicações e uso do medicamento derivado da maconha. Além disso, traz a evolução dos estudos envolvendo a cannabis e seus derivados no Brasil e como o país ganhou relevância no campo, mostrando que a parceria feita entre a faculdade e a empresa farmacêutica Prati-Donaduzzi trouxe frutos aos trabalhos dos professores pesquisadores da FMRP.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: não há indicação clara de interesse comercial por parte do veículo no produto citado em matéria.
FONTES DE INFORMAÇÃO: entrevistas com os professores Antônio Zuardi, Jaime Hallak, Francisco Guimarães e José Alexandre Crippa da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – USP (FMRP), e com Liberato Brum Junior, Diretor de Pesquisas da Prati-Donaduzzi. Informações divulgadas pela Anvisa e dados Web of Science.
RECURSOS VISUAIS: Foto ilustrando o óleo extraído da cannabis sendo depositado num frasco, foto do pesquisador Antônio Zuardi, gráfico com as informações envolvendo publicações em pesquisa do gênero descrito na matéria e foto ilustrativa de termômetro em meio a comprimidos.
CONCLUSÃO: A matéria é completa no sentido de trazer informações sobre o canabidiol (CBD), seu processo de extração e manipulação para que se produza o fármaco, as pesquisa que direcionam o uso do óleo na medicina e algumas condições destino para essa terapia. Embora não entre em detalhes profundos nas condições clínicas e não explique contra-indicações ao uso do CBD, a matéria explicita, através da entrevista com o professor Antônio Zuardi, que se trata de um medicamento controlado e somente deverá ser usado por indicação médica e monitorado pelos órgãos responsáveis. No geral, as informações pertinentes estão descritas e servem para desmistificar em partes o uso dessa substância ainda estigmatizada na sociedade.
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