NOSSO RESUMO

A notícia, publicada no portal Uol, trata das drogas agonistas de GLP-1, um composto já utilizado no tratamento da diabetes e obesidade, que está sendo testado para redução da pressão intracraniana. De acordo com os dados apresentados na matéria, em estudo realizado com camundongos e publicado na revista Science Translational Medicine, o composto foi capaz de reduzir a pressão no cérebro, em 44%, em apenas 10 minutos após a injeção, sendo essa é a maior redução já observada para a condição. Não foram apresentadas informações sobre os custos, disponibilidade no Brasil e potenciais riscos das drogas GLP-1. A linguagem utilizada foi clara e objetiva e não se identificou potencial conflito de interesse na construção do texto.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O aumento da pressão intracraniana (PIC) significa elevação da pressão ao redor do cérebro e pode ser causado pelo aumento do volume de líquido ao redor do cérebro ou ainda ocorrer em casos de lesão cerebral, acidente vascular cerebral, hidrocefalia, hipertensão idiopática intracraniana ou outras doenças, como meningite. O aumento da PIC apresenta risco de vida (Gonçalves & Santos, 2005) e, por isso, a investigação de novas alternativas terapêuticas para controle da pressão cerebral é extremamente relevante.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Apresenta-se uma nova indicação terapêutica para tecnologias já utilizadas no tratamento do diabetes e obesidade – os agonistas de GLP-1. Estas substâncias estão sendo testadas para redução da pressão intracraniana. Não se trata, portanto, de um novo produto, mas sim da investigação de uma nova indicação terapêutica para o composto. Os resultados preliminares do estudo, realizado em animais, demonstraram eficácia relevante para o controle da pressão intracraniana.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A indicação investigada nos recentes estudos foi claramente definida: reduzir a pressão intracraniana, condição que ocorre em diferentes circunstâncias, que também foram descritas. A pressão aumentada no cérebro ocorre em casos de trauma cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), hidrocefalia e também é a principal característica da hipertensão idiomática intracraniana.
Foram apresentados dados epidemiológicos, que justificam a indicação dos fármacos, para apenas uma dessas condições.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
O principal benefício descrito para o medicamento foi reduzir a pressão no cérebro, em 44%, em apenas 10 minutos após a injeção do fármaco. Em geral, a alta pressão no cérebro é causada por uma alteração na densidade do fluido cérebro-espinhal. Quando a produção do fluido pelo organismo é maior que a capacidade do cérebro para drená-lo, a pressão aumenta dentro do crânio. O estudo mostrou que o medicamento ajudou a equilibrar a produção e a drenagem do líquido cérebro-espinhal no cérebro, obtendo a maior redução já observada para a condição.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Os custos das drogas GLP-1 não foram informados, nem mesmo para o diabetes, indicação para a qual o produto já é comercializado.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Não foram fornecidos dados sobre a disponibilidade das drogas no mercado brasileiro, bem como seu financiamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
Relatou-se a existência de outras alternativas para reduzir a pressão intracraniana, destacando-se que esses tratamentos são escassos. Conforme descrito, a principal alternativa utilizada para o transtorno de hipertensão idiopática intracraniana apresenta efeitos colaterais intensos que levam à baixa persistência dos pacientes ao tratamento. Em função disso, essa nova opção terapêutica mostra-se promissora. Porém, eventuais desvantagens da GLP-1 não foram abordadas.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais ricos e danos das drogas GLP-1 não foram apresentados.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Satisfatória
As fontes utilizadas foram devidamente identificadas. Não há conflito de interesse aparente na construção do texto.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada é clara e objetiva. Houve coerência entre o foco da matéria e as evidências apresentadas sobre a tecnologia.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Apresentou-se um estudo científico realizado em camundongos e publicado na revista Science Translational Medicine. Não foram fornecidas informações sobre a realização de estudos em humanos para essa indicação, ressaltando-se apenas que a aprovação da droga para o uso na redução da pressão intracraniana poderia ser bastante ágil, porque ela já passou pelos testes clínicos para o uso por pacientes com diabetes. As limitações da evidência disponível não foram discutidas.

Olhar Jornalístico

TÍTULO: O termo \”alta pressão\” no título poderia ser exemplificado para que o leitor entendesse em quais casos a droga já usada contra a diabetes poderia ser eficaz, segundo estudo. Dois exemplos são bastante conhecidos pela população o AVC e a hidrocefalia, conforme aponta a reportagem.

INTERTÍTULO: sem intertítulo

COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Agência internacional de notícias ou pesquisadores do Brasil que acompanham a evolução do estudo.

DEFINIÇÃO: Há a explicação clara, na reportagem, de como a droga usada para combater a diabetes e obesidade mostrou-se eficaz nos testes em camundongos, para diminuir a pressão intracraniana. Houve o cuidado de explicar, logo no início da reportagem, em que situações são registrados aumento da pressão intracraniana (como ocorre). O texto traz a informação de que o estudo foi realizado ao longo de três anos observando-se o comportamento das drogas agonistas de GLP 1, uma substância produzida pelo próprio organismo e que é a base para drogas utilizadas normalmente no controle da glicemia em pacientes de diabetes tipo 2, em testes com camundongos. Há, no texto, a explicação de forma clara de como a droga pode ajudar a equilibrar a produção e a drenagem do líquido cérebro-espinhal no cérebro.

PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não é possível perceber indicação de interesses comerciais na reportagem

FONTES DE INFORMAÇÃO: Foram os pesquisadores autores do estudo.

RECURSOS VISUAIS: Não foram utilizados recursos visuais.

CONCLUSÃO: O texto foi redigido de forma clara, sem recursos sensacionalistas para destacar a descoberta. Houve um cuidado de se explicar que a droga ainda precisa ser aprovada para ser utilizada em humanos com problemas de alta na pressão cerebral, mas que há a possibilidade desse novo uso pode ser rapidamente aprovado uma vez que a droga já tem aprovação para ser usada no tratamento de outras doenças. Houve a explicação, discreta e até poderíamos dizer superficial, de que já existe outra droga usada no tratamento de alta pressão no cérebro, mas que o medicamento traz efeitos colaterais intensos (sem dizer quais) para os pacientes que fazem uso dele e que o percentual de pessoas que abandonam o tratamento por isso chega a 48% (mas qual é o número total? Quais doenças e perfis desses pacientes que desistem do tratamento? Por quanto tempo fizeram uso dessa droga?). O uso de recursos visuais principalmente para a explicação de como a droga ajuda a equilibrar a produção e a drenagem do líquido cérebro-espinhal no cérebro seria ideal para facilitar ainda mais a compreensão do leitor sobre o assunto.

http://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/09/brain-1845962_1920-1024x775.jpghttp://www.ccates.org.br/mediadoctor/wp-content/uploads/2017/09/brain-1845962_1920-150x150.jpgNatália FreitasMedicamentosNOSSO RESUMO A notícia, publicada no portal Uol, trata das drogas agonistas de GLP-1, um composto já utilizado no tratamento da diabetes e obesidade, que está sendo testado para redução da pressão intracraniana. De acordo com os dados apresentados na matéria, em estudo realizado com camundongos e publicado na revista...A sua notícia revisada por especialistas