Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Foi descrito na notícia veiculada no site da Veja que um novo medicamento para tratamento da esclerose múltipla foi aprovado pela Anvisa. O medicamento, denominado cladribina, deve ser administrado pela vira oral, sendo assim uma intervenção inédita para tratar a esclerose múltipla. A intervenção deve ser aplicada para tratar os indivíduos com esclerose múltipla remitente-recorrente, pois de acordo com os ensaios clínicos apresentados na matéria a utilização do medicamento acabou com o surto em 81% dos pacientes.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A cladribina é indicada para os pacientes que possuem esclerose múltipla remitente-recorrente. Os dados epidemiológicos apresentados indicam que existem aproximadamente 35.000 pessoas com a doença no Brasil.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Os benefícios da utilização do tratamento foram medidos quantitativamente, e, de acordo com o ensaio clínico realizado, a utilização da cladribina reduziu em 58% a taxa de surto anual e em 33% o risco de progressão da incapacidade confirmada. Diminuiu ainda o número médio de lesões cerebrais e também acabou com o surto em 81% dos pacientes.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Foi descrito na reportagem que ainda não existe previsão de preço do tratamento. Diante da ausência de informação acerca do valor do tratamento, a matéria não comparou o custo do novo procedimento com as alternativas existentes e também não mencionou os custos adicionais inerentes à utilização da intervenção.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Satisfatória
Foi informado na matéria que o medicamento teve o registro aprovado pela Anvisa. No entanto, não foi informado sobre o financiamento ou disponibilidade do tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não relatou-se na matéria a existência de alternativas à intervenção. Dessa forma, não foram discutidas as vantagens e/ou desvantagens da cladribina em comparação aos tratamentos já existentes e nem foi discutido como o medicamento se enquadra no âmbito das alternativas existentes já disponibilizadas pelo SUS.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Satisfatória
Foram descritos os efeitos adversos mais frequentemente relatados durante os ensaios clínicos. Eles incluem infecção do trato respiratório superior, cefaleia e linfopenia. Os efeitos mais graves também foram relatados. Porém, não foram quantificados os potenciais danos relacionados ao uso da cladribina e nem os efeitos secundários que têm impacto significativo sobre a vida do paciente.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As fontes de informação utilizadas não foram adequadamente apresentadas. Embora tenha sido consultado apenas o neurologista do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS), não se identificou potencial conflito de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada é clara e objetiva. Houve coerência entre o foco da matéria e as evidências apresentadas.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foi citada a referência do estudo científico em que foram descritos os dados mencionados na matéria. Também não discutiu-se as principais limitações do medicamento. O estudo foi realizado numa amostra significativa de pessoas acompanhadas por um período de cinco a oito anos.
Olhar Jornalístico
PORQUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?: A esclerose múltipla é uma doença crônica que atinge 1,2% da população brasileira e que afeta drasticamente a qualidade de vida do paciente. AInda não há cura, mas a nova tecnologia provou-se mais eficiente e traria, ainda, maior comodidade.
TÍTULO: Objetivo. Indica qual a doença tratada pelo medicamento e a principal razão da pauta ser de interesse do leitor brasileiro – a aprovação pela Anvisa.
INTERTÍTULO: Apresenta a novidade e a diferença da nova tecnologia em relação às anteriormente usadas.
COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Comunicado de imprensa e publicação no site da Anvisa.
DEFINIÇÃO: O gancho utilizado foi a aprovação na Anvisa e provável entrada do Mavenclad (nome comercial) no mercado brasileiro nos próximos meses, mas o texto é mais voltado para seu funcionamento, vantagens e desvantagens.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não é presente.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Neurologista Jefferson Becker, presidente executivo do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS).
RECURSOS VISUAIS: Ilustração de célula do sistema nervoso retirada de banco de imagens.
CONCLUSÃO: A matéria é completa e cumpre seu papel. Informa sobre a aprovação de uma nova tecnologia pela Anvisa e sua novidade em relação aos tratamentos atualmente aplicados. O autor escolheu se voltar para os mecanismos de ação e indicação do remédio e o porquê de sua importância, bem como seu histórico em outros países. É importante destacar que os dados ausentes, como previsão de implantação pelo SUS e preço no mercado brasileiro são assim tratados – ao invés de apenas não constarem no artigo, o texto explicita que não estão disponíveis e a redação não teve acesso a eles. O panorama sobre a esclerose múltipla, embora breve, inclui as questões principais: o que é, sintomas, quantas pessoas atinge no Brasil e no mundo, tratamento etc. As fontes poderiam ter sido melhor indicadas (de onde a revista tirou os dados sobre a doença? OMS? Ministério da Saúde? BCTRIMS?), mas a informação ainda é clara e objetiva.
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