Pesquisadores da USP criam dispositivo que evita cirurgia de tórax
NOSSO RESUMO
A matéria publicada na revista Veja apresenta um novo aparelho que busca auxiliar pacientes diagnosticados com pectus excavatum (do latim, peito escavado), uma deformidade genética que afeta uma em cada 700 pessoas. Segundo os dados apresentados, a utilização desse dispositivo tem potencial para reduzir a necessidade de operação em 30% dos casos e para melhorar o resultado da cirurgia em pacientes mais graves. Estima-se que 35% dos portadores manifestem a forma mais grave da doença, quando ocorre descolamento do coração para o lado esquerdo, compressão pulmonar e dificuldade em fazer exercícios físicos intensos. Há também relatos de dor na região torácica e arritimias. Em todos os casos, dos mais leves aos mais severos, a deformidade também causa danos psicológicos e redução da qualidade de vida, uma vez que os pacientes tendem a ficar curvados, prejudicando a coluna. Apesar da matéria apresentar os potenciais benefícios do uso do produto de forma clara e objetiva, não é possível identificar se esses benefícios foram descritos de forma isenta, uma vez que os referenciais utilizados compõem a equipe responsável pelo desenvolvimento do produto. Os custos do aparelho não foram discutidos e sua disponibilidade no Brasil também não está clara.
Não houve descrição e quantificação dos potenciais danos, riscos, efeitos adversos ou prejuízos decorrentes da utilização da tecnologia pelos pacientes pectus excavatum. As evidências cientificas apresentadas não estão claramente descritas, dificultando analisar a coerência e a qualidade das informações, além de possíveis conflitos de interesses.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
Pectus Excavatum é uma deformidade do tórax e osso esterno caracterizada por uma depressão do esterno e costelas na frente do tórax. Sua ocorrência é de 1 em cada 300-400 nascimentos, com graus variáveis de severidade (Hebra, 2015). Essa condição geralmente acentua-se durante o rápido crescimento dos ossos, nos primeiros anos da adolescência. Por esse motivo, muitos pacientes procuram tratamento devido à aparência do tórax. A depender do grau de acentuação, funções cardíacas e respiratórias podem também ser prejudicadas. Também observam-se problemas de postura por parte de pessoas atingidas pela anomalia (Boas SR, 2016).
Nesse contexto, novas alternativas de tratamento para a correção do problema, tornam-se necessárias, a fim de evitar que conseqüências de ordem emocional, como complexo de inferioridade, possam comprometer o convívio social e o desempenho de atividades físicas pelos portadores da doença.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: A estratégia de chamar a atenção para a USP como desenvolvedora do dispositivo e a possibilidade do uso dele como substituição a uma intervenção mais invasiva, que é a cirurgia são formas de atrair o leitor.
INTERTÍTULO: Chama atenção para a possibilidade de se usar um equipamento que ajuda a corrigir a postura de pacientes com deformidade genética. No intertítulo, quando destaca o percentual de eliminação da necessidade de cirurgia já atrai o interesse do leitor para entender qual é essa técnica inovadora desenvolvida por pesquisadores brasileiros.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: release da USP ou pesquisadores da USP que desenvolveram o equipamento.
FONTE DE INFORMAÇÃO: Pesquisador da equipe que desenvolveu o equipamento. Não há outra fonte que faça qualquer contraposição.
DEFINIÇÃO: A definição do equipamento aparece de forma clara. Há explicação de como deve ser usado e a quem se destina. Há ainda a comparação com o método de tratamento usado hoje (a cirurgia). Na comparação com a técnica de hoje ressalta-se que o equipamento além de menos invasivo aparentemente parece ser mais eficaz. Mas não fica claro se ele já está sendo usado por pacientes.
PUBLICIDADE/ INTERESSE COMERCIAL: Dá destaque ao equipamento e ao posicionamento do pesquisador que desenvolveu
RECURSOS VISUAIS: Não foram usados recursos visuais
CONCLUSÃO: A reportagem traz informações de forma clara, com indicações para o uso, benefícios o preço e até que o equipamento está sendo importado. De forma didática assemelha o uso do equipamento ao aparelho dentário (para que o leitor tenha uma compreensão melhor da estratégia). Esse tipo de comparação ajuda a facilitar o funcionamento do dispositivo para quem não é profissional da área médica.
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