Nova técnica faz células de tumor “brilharem” para facilitar remoção
NOSSO RESUMO
A matéria publicada no Jornal O Globo apresenta uma nova técnica que auxilia a remoção cirúrgica de tumores. A fluorescência criada pela substância injetável torna o tecido tumoral, em média, cinco vezes mais brilhante do que o tecido normal. No entanto, o resultado não é visível a olho nu e só pode ser detectado por um dispositivo portátil com uma câmara sensível, também desenvolvido pela empresa responsável pela comercialização da técnica.
Segundo dados apresentados, o procedimento atualmente utilizado pelos cirurgiões exige que, após o procedimento, patologistas analisem as margens do tumor por vários dias até poderem determinar se elas estão saudáveis. Por isso, a falta de precisão pode ser grande e a nova técnica torna-se uma vantagem interessante. Foram apresentados os dados de estudo já publicado, realizado em 15 pacientes que realizaram procedimento cirúrgico para retirada de câncer de mama e sarcoma. Apesar de destacar as vantagens da nova técnica de forma comparativa às já existentes, não foram descritas as possíveis desvantagens da nova intervenção. Vale destacar que os potenciais riscos/danos da técnica não foram apresentados. No entanto, ressaltou-se que os pesquisadores ainda estão avaliando a eficácia e segurança da nova técnica.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
Atualmente, 8,2 milhões de pessoas morrem de câncer, por ano, no mundo. No Brasil, foram registradas 189.454 mortes por câncer em 2013, conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Para 2016, estimou-se a ocorrência de 5.596 mil novos casos de câncer.
O câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, seguido pelo câncer de pele não melanoma, que corresponde a cerca de 25% dos casos novos a cada ano. Há vários tipos de câncer de mama e a cirurgia é frequentemente a primeira modalidade do tratamento, principalmente para tumores relativamente pequenos.
Os sarcomas são neoplasias relativamente raras e correspondem a cerca de apenas 1% de todos os tumores. São classificados de acordo com o tipo de tecido histológico dos quais derivam e mais de 30 subtipos já foram descritos. Surgem de tecidos como músculos, cartilagens, vasos sanguíneos e ossos. Assim como o câncer de mama, a cirurgia mantém-se como a principal estratégica terapêutica. A adequada retirada de tumores, mantendo-se áreas de tecido normal ao redor, é um importante preditor de melhor prognóstico. Assim, a obtenção de “margens livres” após a cirurgia de retirada do tumor torna-se necessária, reduzindo as chances de recidiva ou disseminação da doença. Nesse sentido, técnicas precisas para a remoção do tumores sólidos tornam-se cada vez mais necessárias e podem contribuir diretamente para a qualidade de vida dos pacientes.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: O título chama a atenção do leitor em relação a uma nova técnica que auxilia a retirada de algum tumor. E o fato dessa tecnologia brilhar desperta a curiosidade provocando à leitura
INTERTÍTULO: Ao citar que médicos aprovam o liquido que brilha o jornalista dá ao leitor uma sensação de “segurança” em relação ao método. Uma forma de mais uma vez convidá-lo à leitura.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: possivelmente agências internacionais de notícia, fontes de informação (médicos da área) ou release da empresa apoiadora da nova técnica.
DEFINIÇÃO: O texto traz a explicação das dificuldades, hoje, na remoção total de tumores e diz que uma nova técnica pode dar mais eficácia nessa tarefa. A reportagem deixa na condicional ao citar que a técnica “pode estar próxima” de resolver o problema. Deixa claro que a tecnologia foi testada por pesquisadores norte-americanos em parceria com empresa privada. Aponta que a técnica já foi testada em 15 pessoas com câncer de mama, com sucesso e atribui essa eficácia ao posicionamento do autor da pesquisa. A definição da técnica é descrita de forma clara para compreensão do leitor leigo. Há, ainda, no texto a explicação da técnica usada hoje em dia pelos cirurgiões “ressonância” e indica as limitações da mesma para os cirurgiões. Um integrante da Sociedade Brasileira de Oncologia avaliou como positiva a nova técnica principalmente em cirurgias de retirada de tumores no cérebro. A reportagem termina com uma ponderação de que ainda está se fazendo a comparação entre o método atual (ressonância) e o líquido fluorescente para avaliar quais das duas técnicas são mais eficazes, colaborando para que o paciente não necessite de passar por mais de uma intervenção cirúrgica para remoção de restos de tumores.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: As fontes de pesquisa e empresa apoiadora foram citadas (nome claramente) e o autor da pesquisa teve fala na reportagem.
FONTES DE INFORMAÇÃO: pesquisador que desenvolveu a técnica, oncologista da Sociedade Brasileira de Oncologia.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: provavelmente por release da UFMG ou apuração com a própria fonte de informação (a pesquisadora).
RECURSOS VISUAIS: Não foram usados recursos visuais
CONCLUSÃO: A reportagem tem linguagem clara para fácil compreensão do leitor. Procura trazer dados mesmo que não muito detalhados sobre a nova técnica, mas pede a opinião de um integrante da Sociedade Brasileira de Oncologia o que é uma tentativa de se buscar o contraditório. Ou seja, a opinião de quem está fora do projeto de pesquisa.
Parabéns, o Brasil precisa de serviços como estes assim como a cultura da credibilidade e cobrança racional das entidades de ATAS e sites como este vem a coibir notícias divulgadas de forma precipitadas e influenciar de forma negativa quando sem fundamento. Estou a divulgar de forma agradecido!