Pacientes com câncer contam com equipamento que reduz a exposição à radicação, mas também a eficácia
NOSSO RESUMO
A matéria publicada pelo Estado de Minas apresenta um novo aparelho de radioterapia que promete ser muito mais evoluído do que os já existentes no mercado.
Segundo entrevista com especialista o novo aparelho reduz a exposição à radiação, mas mantém a eficácia. As vantagens do equipamento incluem maior conforto do paciente, aumento da capacidade de atendimento do hospital e redução dos riscos de efeitos colaterais. Entretanto, apenas foram relatados os benefícios da tecnologia, não foram reportados estudos que avaliaram a eficácia e a segurança do equipamento. Além disso, o novo aparelho de radiação entrega uma maior dose em um menor tempo o que poderia não reduzir o risco de efeitos colaterais.
O equipamento tem um custo de R$ 18 milhões de investimento no equipamento, na instalação e no treinamento de funcionários. De acordo com a matéria, o novo aparelho está disponível em Brasília, na unidade do Hospital Sírio-Libanês. Não há relato sobre o possível financiamento do tratamento pelo SUS e do fornecimento por planos de saúde.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O câncer é um problema de saúde pública. Em 2016 e 2017, a estimativa para o Brasil é de cerca de 600 mil casos novos de câncer. Excetuando-se o câncer de pele não melanoma, ocorrerão cerca de 420 mil casos novos de câncer.
O tratamento do câncer é estabelecido conforme o tipo e o estádio da doença, podendo ser cirurgia, radioterapia, quimioterapia ou uma combinação destas formas de tratamento. Em função de sua alta letalidade, a disponibilização de alternativas custo-efetivas de tratamento é extremamente relevante.
As vantagens do equipamento incluem maior conforto do paciente, aumento da capacidade de atendimento do hospital e redução dos riscos de efeitos colaterais. Não foram descritas as possíveis desvantagens da nova tecnologia.
A matéria apresenta o novo aparelho de radioterapia como muito mais evoluído do que os disponíveis no mercado.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: Grande parte dos tratamentos contra o câncer usam a radioterapia como estratégia. A criação de um equipamento mais eficaz, com a possibilidade de se usar uma quantidade menor de radiação atrai o olhar do leitor
INTERTÍTULO: traz uma estimativa do INCA do número de pacientes com câncer no país em 2016.
COMO ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: possivelmente release da empresa que desenvolveu o equipamento ou release do Hospital Sírio Libanês que possui o equipamento
DEFINIÇÃO: A reportagem é bem curta, traz o chamado “nariz de cera” no primeiro parágrafo que é um texto introdutório que retarda a abordagem principal, e no caso, ainda repete a informação do intertítulo. Na sequencia, o texto traz um pouco mais da funcionalidade e características do equipamento, custo, mas não há outras fontes de informações com provocações do contraditório. Não há também, neste sentido, apresentações científicas apuradas dos benefícios e nem dos malefícios do equipamento.
PUBLICIDADE/ INTERESSE COMERCIAL: O equipamento só está disponível num hospital particular do país. Em nenhum momento há citação da possibilidade do uso desse equipamento para pacientes do SUS. Nesse aspecto por não apresentar posicionamentos contrários ou questionamentos em relação ao equipamento deve o leitor ficar atento ao encaminhamento possivelmente publicitário ou comercial dado ao texto desta reportagem.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Médico do hospital Sírio Libanês e informações do infográfico atribuídas à agência de notícias.
RECURSOS VISUAIS: Foi a ferramenta mais utilizada na reportagem. Ilustração com infográfico detalhado da forma de utilização do aparelho, mecanismos, benefícios e uma mini entrevista com médico oncologista que faz o uso do equipamento num hospital particular para tratar os pacientes.
CONCLUSÃO: A reportagem faz bom uso de infográficos que facilitam a compreensão do leitor. São bastante didáticos o que é bem positivo nas reportagens científicas. No entanto, a matéria é muito curta embasada apenas na visão unilateral do hospital que comprou a tecnologia.
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