NOSSO RESUMO
A matéria publicada no Jornal O Globo apresenta um novo dispositivo portátil para detecção da expansão da bexiga. Ao detectar a condição, o aparelho envia um discreto alerta para o smartphone da pessoa, que informa preventivamente sobre a necessidade de esvaziar a bexiga.
De acordo com os dados apresentados, nos EUA mais de metade dos adultos com idade igual ou superior a 65 anos são afetados pela incontinência urinária, e existem poucas opções para gerenciar esta condição. Em geral, as pessoas usam fraldas geriátricas ou precisam se submeter a cirurgia. O custo do dispositivo foi apresentado, no entanto não houve comparação desse com as técnicas/alternativas disponíveis no mercado. Além disso, não foram apresentadas informações sobre a disponibilidade da tecnologia no Brasil.
Não foram descritos dados de estudos científicos publicados que avaliaram a tecnologia em questão.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A International Continence Society define incontinência urinária como qualquer perda involuntária de urina. Sua prevalência é elevada, atingindo cerca de 50% das mulheres e 13% dos homens entre 20 a 80 anos, em todo o mundo. Mais frequente no sexo feminino, pode manifestar-se tanto tardiamente, em pessoas já idosas, quanto em mulheres mais jovens.
Os sinais e sintomas da incontinência urinária dependem das suas causas, mas todas têm como sinal comum a perda involuntária de urina, seguida de um grande desconforto, embaraço social, depressão e queda da autoestima. Em alguns casos, essa perda se dá de forma espontânea e em outras está ligada a esforços físicos simples e inevitáveis. Dentre as causas, estão, entre outras: o comprometimento da musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico; tumores malignos e benignos e doenças que comprimem a bexiga. O tratamento depende do tipo de incontinência urinária: basicamente cirúrgico, farmacológico e fisioterápico. Com o aumento da expectativa de vida no país, condições relacionadas ao envelhecimento são cada vez mais relevantes e requerem alternativas para prevenção, diagnóstico precoce e tratamento.
Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Trata-se de um cinto inteligente não-invasivo que usa biossensores capazes de acompanhar a bexiga em expansão. Conforme descrito, usando bluetooth, o dispositivo detecta a condição e envia um discreto alerta ao smartphone da pessoa para informá-la preventivamente.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A indicação do cinto foi claramente descrita, objetivando sanar a perda crônica do controle da bexiga. Dados epidemiológicos dos Estados Unidos foram apresentados para destacar sua relevância. No entanto, não houve abordagem desta condição clínica no contexto brasileiro.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Os dados dos benefícios do exame foram apresentados de forma clara, incluindo a facilidade na utilização. Um vídeo, com depoimento de uma paciente em uso do dispositivo, foi incluído para destacar os benefícios. Contudo, esse benefícios não foram contextualizados em termos populacionais, não sendo possível avaliar sua efetiva relevância.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Satisfatória
Os custos do dispositivo foram apresentados. Uma comparação superficial com os aparelhos de ultrassom atualmente utilizados em hospitais foi relatada, mas os custos de outros dispositivos de uso cotidiano (fora do ambiente hospitalar) não foram descritos. Além disso, os potenciais custos adicionais à intervenção, tais como necessidade de possuir/adquirir um smartphone, não foram mencionados.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os dados de disponibilidade do dispositivo no Brasil. Também não foi informada a possibilidade de financiamento pelo Sistema Único de Saúde ou pela iniciativa privada.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Relatou-se a existência de alternativas ao dispositivo para tratamento da incontinência urinária. No entanto, essas alternativas não foram especificadas. Além disso, não foram apresentadas as desvantagens da nova tecnologia ou como ela se enquadra dentre as alternativas já existentes.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Não foram abordados nem quantificados os potenciais riscos, efeitos adversos ou prejuízos da utilização da nova tecnologia a longo prazo.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As fontes utilizadas foram devidamente descritas. No entanto, com os dados apresentados não é possível afirmar que as fontes utilizadas são totalmente independentes ou imparciais, não sendo possível afirmar não haver conflito de interesses.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Não Satisfatória
Houve coerência entre o foco e as evidências científicas. Apesar da linguagem estar clara e objetiva, houve a utilização de recursos para sensibilizar o público, tanto na matéria como no vídeo anexado.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Não foram apresentados dados de estudos científicos publicados e as limitações da tecnologia não foram discutidas.
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