NOSSO RESUMO
A matéria publicada no Jornal O Globo apresenta um tipo de ressonância magnética, tensor de difusão (DTI), para o diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer. A descoberta foi feita por pesquisadores italianos em um estudo conduzido com 53 pacientes com três formas atípicas da doença, cujos resultados demonstraram a capacidade do exame em detectar a degeneração da substância branca do cérebro. De acordo com os pesquisadores, a degeneração da massa branca está associada à gênese do Alzheimer, principalmente nas formas precoces e atípicas e, portanto, o uso da DTI seria capaz de identificar estas lesões antes dos sintomas cognitivos se tornarem evidentes. Os potenciais riscos do exame, no entanto, não foram apresentados.
Não foram abordados os custos e a disponibilidade do teste no Brasil. As evidências científicas apresentadas, apesar de pouco representativas, foram claramente descritas. Entretanto, as limitações da tecnologia não foram apresentadas. Não foi possível, ainda, avaliar a existência de conflitos de interesses.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
A Doença de Alzheimer é a principal causa de demência irreversível, responsável por 60-70% dos casos. Estima-se que existam no mundo cerca de 35,6 milhões de pessoas com a doença. No Brasil há cerca de 1,2 milhão de casos, a maior parte deles ainda sem diagnóstico (Abraz). Os sintomas iniciais do Alzheimer em geral são confundidos com o processo de envelhecimento natural, o que tende a adiar a busca por orientação profissional e, não raro, a doença é diagnosticada tardiamente. Na prática, o diagnóstico da Doença de Alzheimer é clínico, isto é, depende da avaliação feita por um médico, que irá definir, a partir de exames e da história do paciente, qual a principal hipótese para a causa da demência. Neste contexto, o desenvolvimento e/ou aprimoramento de alternativas diagnósticas têm grande importância, sobretudo para minimizar a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Apresenta-se a utilização de um tipo de ressonância magnética, o “tensor de difusão” (DTI), no diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer. Portanto, não se trata de uma inovação tecnológica, mas sim de uma nova indicação de uso da ferramenta já disponível. Os resultados obtidos nos ensaios com a tecnologia, aliados às evidências científicas sobre a gênese da doença, demonstram que a utilização do exame é potencialmente capaz de auxiliar no diagnóstico precoce do Alzheimer.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
A indicação do exame de imagem no diagnóstico precoce do Alzheimer foi claramente exposta na matéria. Entretanto, não nenhum dado epidemiológico que justifique tal indicação foi apresentado.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Os benefícios obtidos pelo exame foram descritos de maneira clara, indicando que o esse seria capaz de detectar a degeneração da substância branca do cérebro, associada ao início do Alzheimer, antes do surgimento de problemas cognitivos. Contudo, os dados apresentados na matéria são pouco representativos devido ao pequeno tamanho da amostra e sua limitação para incluir as formas atípicas da doença. Desta maneira, seria necessária a condução de estudos clínicos mais robustos para uma adequada análise dos desfechos. Além disso, a matéria destacou os benefícios obtidos apenas do ponto de vista do diagnóstico, mas não abordou os desfechos relativos à doença, ou seja, em que medida estes resultados impactariam a vida dos pacientes.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos do exame, bem como custos adicionais relacionados à sua execução.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
A disponibilidade do exame no Brasil, no sistema público de saúde ou por meio da iniciativa privada, não foi abordada.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não foram descritas as alternativas ao exame de ressonância magnética. Do mesmo modo, não foram relatadas as desvantagens ou limitações da tecnologia, apenas destacando-se seu potencial benefício.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais riscos ou danos do exame não foram apresentados.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
As referências à pesquisa, bem como aos entrevistados, foram devidamente identificadas. Entretanto, não se pode afirmar que a matéria é isenta, visto que o texto foi elaborado utilizando como fonte a própria pesquisa da tecnologia. Não foi explicitada a existência ou não de conflito de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
As evidências apresentadas sobre a tecnologia e a doença são coerentes. As informações fornecidas são fidedignas e, embora tenha abordado apenas os benefícios alcançados no estudo, não apresentando as limitações da tecnologia, não se trata de um texto sensacionalista. Ao contrário, sua linguagem é clara e objetiva.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Foi apresentado um estudo científico publicado no períodico “Radiology”, conduzido em humanos, mas com uma amostra pouco representativa e limitada às formas atípicas da Doença de Alzheimer. Além disso, não foram discutidas as limitações da tecnologia.
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