NOSSO RESUMO

A matéria publicada na Revista Istoé apresenta dados de uma pesquisa realizada em animais, com células produtoras de insulina desenvolvidas em laboratório. De acordo com o estudo realizado, as cobaias que tiveram as células desenvolvidas implantadas no seu organismo foram capazes de produzir insulina sem injeções do hormônio. Não foram abordadas informações sobre custos, disponibilidade ou potenciais danos da nova tecnologia, tendo em vista se tratar de uma pesquisa em fase inicial. As evidências científicas apresentadas foram claramente descritas. Entretanto, a descrição das evidências foi sucinta e superficial, não sendo informadas as limitações do estudo ou sua continuidade. Não foi possível avaliar a inexistência de conflitos de interesses.

POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
O Diabete Mellitus (DM) é uma doença crônica causada pela falta absoluta ou relativa de insulina no organismo. É um dos mais graves problemas de saúde pública, atingindo 9 milhões de brasileiros – o que corresponde a 6,2% da população (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). O DM tipo 1 é caracterizado por destruição das células beta do pâncreas, que levam a uma deficiência de insulina. Logo, pouca ou nenhuma insulina é liberada para o corpo. Este tipo de diabetes é sempre tratado com insulina, planejamento alimentar e atividades físicas, para ajudar a controlar o nível de glicose no sangue (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2015). Avanços tecnológicos no tratamento do diabetes vêm ocorrendo ao longo das últimas décadas, possibilitando que os pacientes pudessem ter melhores resultados no tratamento da doença ou facilitando o seu manejo. A busca por novas opções terapêuticas para o Diabetes é extremamente relevante e relaciona-se com a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e redução de comodidades.

Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Satisfatória
Apresentou-se um breve relato acerca de um estudo com células produtoras de insulina, desenvolvidas em laboratório e testada em animais, com intuito de avaliar um novo tratamento para o diabetes tipo 1. Não é descrito, no entanto, se haverá continuidade da pesquisa. Desta forma, ainda que os resultados apontem efeitos potencialmente benéficos para a população, é preciso avançar nas investigações a fim de comprovar, ou não, os resultados obtidos em animais e tornar o produto disponível como terapia do diabetes tipo 1 efetivamente.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Não Satisfatória
Embora o título da matéria seja “um novo tratamento”, os autores referem-se ao estudo como uma possibilidade de cura do diabetes tipo 1. O texto é bastante sucinto e não fica claro para o leitor se esta pesquisa com células produtoras de insulina terá continuidade e poderá chegar a ser um tratamento ou mesmo a cura para a doença. Além disso, nenhum dado epidemiológico foi apresentado.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Os jornalistas apresentaram de forma resumida o resultado dos ensaios realizados com as células produtoras de insulinas em animais: as cobaias submetidas ao experimento foram capazes de produzir insulina em seus pâncreas, sem injeções do hormônio durante o período de estudo. Este é um benefício apresentado pela novidade tecnológica, mas este resultado não foi traduzido em desfecho relativo à doença para o leitor, ou seja, de que modo estes achados impactariam, de fato, na vida do paciente com diabetes tipo 1. A que se destacar, ainda, que os dados descritos foram sucintos e poderiam estar melhor contextualizados em relação à pesquisa realizada, de modo a torná-los mais representativos.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis ​​da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Os custos da tecnologia não foram abordados sob nenhum aspecto. Ressalta-se, porém, que não se trata ainda de um produto, mas de uma tecnologia em pesquisa e, até o momento, testada em animais.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
A tecnologia encontra-se em fase de pesquisa em animais, por institutos americanos, e não há qualquer menção no texto sobre estudos similares ou sua disponibilidade no Brasil. É importante ressaltar, contudo, que por estar em estágio inicial de pesquisa, não se pode afirmar que a tecnologia de fato evoluirá para um produto que possa ser disponibilizado à população.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Não Satisfatória
Não foram abordadas outras opções terapêuticas existentes para o tratamento do Diabetes tipo 1. Por se tratar de uma pesquisa ainda em estágio inicial, não é possível comparar vantagens e desvantagens, bem como seu enquadramento frente às opções disponíveis.
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os potenciais riscos ou danos das células produtoras de insulina não foram apresentados. Esta, porém, não é uma abordagem comumente adotada na fase da pesquisa em que a tecnologia se encontra.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
A referência à pesquisa descrita na matéria foi devidamente identificada. Não se pode afirmar que seja isenta, visto que os autores não declaram ausência de conflito de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
A linguagem utilizada é clara, objetiva e vale-se de evidências científicas para descrever a novidade tecnológica.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
O estudo científico publicado na revista “Nature” é o arcabouço da matéria. Entretanto, a matéria apresentou uma abordagem superficial, ao deter-se apenas no resultado do estudo realizado em animais, sem discutir ou buscar referência em relação à continuidade da pesquisa, à realização de estudo clínico em humanos ou, ainda, às limitações e entraves para aplicação desta tecnologia no tratamento do diabetes tipo 1.
Natália FreitasProcedimentosNOSSO RESUMO A matéria publicada na Revista Istoé apresenta dados de uma pesquisa realizada em animais, com células produtoras de insulina desenvolvidas em laboratório. De acordo com o estudo realizado, as cobaias que tiveram as células desenvolvidas implantadas no seu organismo foram capazes de produzir insulina sem injeções do hormônio....A sua notícia revisada por especialistas