Tratamento experimental contra Alzheimer tem resultado promissor
NOSSO RESUMO
A matéria publicada na Revista Veja apresenta o fármaco experimental LMTM, que está sendo testado em um ensaio clínico de fase III para pacientes com doença de Alzheimer. Segundo os resultados apresentados, houve um benefício estatisticamente significativo nos resultados cognitivos e funcionais e uma desaceleração da atrofia cerebral após o uso da nova substância. Entretanto, não foram relatados os desfechos específicos utilizados para avaliar a eficácia do fármaco. Inicialmente os dados do estudo não apresentaram benefícios do tratamento para nenhum dos grupos avaliados. No entanto, análises adicionais mostraram que os pacientes em uso do LMTM apresentaram um declínio da atrofia cerebral significativamente menor do que os pacientes dos outros grupos. O ensaio clínico mostrou que 80% dos participantes relataram pelo menos um evento adverso, incluindo distúrbios do sistema gastrointestinal ou nervoso, infecções e problemas renais.
Os custos de tratamento não foram apresentados, pois o LMTM está ainda em fase de teste e não está disponível para comercialização. Logo, não há comparações de custos com as alternativas existentes para a doença de Alzheimer. A linguagem utilizada na matéria está clara e objetiva. Entretanto, as evidências científicas apresentadas não são claras e coerentes com o foco da matéria. Apesar do resultado do ensaio clínico ser estatisticamente significativo, são necessárias pesquisas adicionais com um maior número de participantes, para o adequado entendimento dos resultados. Além disso, uma diferença estatisticamente significante pode não ter relevância clínica.
POR QUE ESSE TEMA É IMPORTANTE?
Aproximadamente 47 milhões de pessoas, no mundo, sofrem algum tipo de demência. Esta prevalência deverá subir para 131,5 milhões até 2050, segundo a federação Alzheimer’s Disease International. Não há cura para a doença, mas a FDA, agência sanitária americana, aprovou cinco medicamentos nos últimos 20 anos para tratar seus sintomas. Em decorrência do aumento da expectativa de vida da população e das limitações dos tratamentos atualmente disponíveis, torna-se muito importante a obtenção de alternativas terapêuticas eficazes para o manejo da doença e redução de sua progressão.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: Alzheimer é uma doença que tem despertado à atenção com o envelhecimento da população e aumento do número de pessoas com essa enfermidade nos últimos anos. Por isso, mesmo sendo ainda um tratamento experimental ele ganhou espaço na imprensa e dizer que ainda é experimental, já no título, é importante para não ocorrer uma expectativa do leitor em relação ao medicamento.
INTERTÍTULO: Confirma/ reforça o posicionamento do título explicando que o fármaco ainda está em fase experimental indica que essa percepção foi possível com a avaliação das reações em pequeno grupo de pacientes (dar os primeiros sinais do embasamento ao citar que houve pesquisa foi um importante posicionamento do jornalista, já no intertítulo)
COMO A NOTÍCIA CHEGOU À REDAÇÃO: Agência internacional de notícias, fontes envolvidas no estudo, médicos.
DEFINIÇÃO: A reportagem traz a explicação do estudo de forma clara e objetiva, com a preocupação de explicar a dimensão do “pequeno” grupo que utilizou o fármaco como única forma de tratamento contra Alzheimer. Embora, não faça uma comparação com as drogas já tradicionalmente usadas no tratamento da doença, explica que em geral, o que o mercado farmacêutico tem tentado, hoje , alterativas que acabaram fracassando nos testes finais. Daí a explicação para a expectativa em relação ao LMTM. Em toda a reportagem houve a preocupação em destacar cautela em relação aos resultados e isso aparece tanto na fala de fontes quanto em destaques no corpo de texto. Além disso, a reportagem dá a dimensão do número de pessoas com a doença no mundo e descreve alguns dos efeitos colaterais do LMTM no pequeno grupo submetido apenas esse remédio como tratamento.
PUBLICIDADE/CONFLITO DE INTERESSE: Não há indicação direta de um possível conflito de interesse uma vez que foram ouvidas fontes que fizeram ponderações. Devemos destacar que o nome da empesa que desenvolveu o remédio foi citada.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Pesquisadores que acompanharam os testes com o fármaco e pesquisador que não faz parte da pesquisa, coordenadora da Conferência Internacional da Associação de Alzheimer
USO DE RECURSOS VISUAIS: Não foram usados recursos visuais.
CONCLUSÃO: De forma geral, a reportagem foi clara e objetiva. Sem tom sensacionalista, preocupou-se em trazer detalhes da pesquisa, reações e expectativas. Mas como a droga ainda está em fase de testes não chegou a citar seu possível valor de mercado nem a disponibilidade do mesmo para a oferta pelo SUS.
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