Trata-se de uma nova entidade química ou novo produto protegido por patente, com nova indicação terapêutica/preventiva, que pode ser potencialmente aplicada para melhorar sintomas/desfechos?
Não Satisfatória
Foi apresentado um novo dispositivo capaz de traduzir a atividade cerebral e decodificá-la em fala. Trata-se de um dos primeiros \”decodificadores artificiais de fala\” a obter resultados promissores. Essa intervenção pode ser muito importante para as pessoas \”que não têm meios de produzir linguagem”. O mecanismo funciona em dois estágios: no primeiro, um eletrodo é implantado no cérebro pra captar os sinais elétricos que controlam os movimentos dos lábios, língua, caixa de voz e mandíbula. Em seguida, um programa lê as informações coletadas para simular a movimentação que forma os sons das palavras na boca e na garganta. Essa leitura é sintetizada e reproduzida por um aparelho chamado trato vocal virtual.
Não foi discutido se o produto é protegido por patente.
A(s) indicação(ões) está(ã) claramente descrita(s)?
Satisfatória
O novo dispositivo está indicado para pacientes que têm distúrbios na fala, especialmente devido a doenças como câncer de garganta, Parkinson e esclerose lateral amiotrófica (ELA). Contudo, não foram apresentados dados epidemiológicos a respeito destas doenças ou de outras condições clínicas que possam levar a problemas na fala.
Apresenta dados dos benefícios de forma clara, sem exaltar dados pouco representativos?
Satisfatória
Foi informado que o principal benefício do produto é a possibilidade de geração da fala a partir da decodificação da atividade cerebral do indivíduo. De um modo geral, os benefícios apresentados foram condizentes e representativos no contexto clínico em questão.
Há relato sobre os custos reais ou prováveis da intervenção, comparando-os com as alternativas existentes, além dos custos adicionais à intervenção?
Não Satisfatória
Não foram apresentados os custos do novo dispositivo nem de suas alternativas terapêuticas.
Apresenta dados sobre a disponibilidade no mercado brasileiro, incluindo registro na Anvisa, financiamento pelo sus e/ou planos de saúde?
Não Satisfatória
Não foi discutido se o produto já se encontra disponível no mercado brasileiro. Também não houve nenhuma menção ao possível fornecimento do dispositivo pelo SUS ou pelos planos de saúde.
Relata a existência de alternativa(s) à intervenção, discutindo as vantagens e/ou as desvantagens da nova tecnologia em comparação com as abordagens existentes?
Satisfatória
Foi relatada a existência de outros sintetizadores de fala como alternativa ao novo dispositivo. Apresentou-se como vantagens do novo implante a capacidade de gerar mais palavras por minuto, em velocidade próxima à \”velocidade de fala\”, enquanto dispositivos tradicionais têm baixa taxa de palavras por minuto. Uma desvantagem associada ao dispositivo é a impossibilidade de uso em pacientes que sofreram danos na parte do cérebro responsável pela fala, como é o caso dos indivíduos que perderam a capacidade de se comunicar após a ocorrência de um acidente vascular cerebral (AVC).
Descreve os danos reais e/ou potenciais da intervenção (riscos, efeitos adversos ou prejuízos) e sua magnitude?
Não Satisfatória
Os riscos decorrentes do uso da nova tecnologia não foram citados nem mensurados. Também não foram apresentados efeitos secundários que poderiam ter impacto na vida do paciente.
Descreve as fontes de informação utilizadas e identifica conflito de interesses?
Não Satisfatória
Foram descritas as fontes de informação utilizadas, que incluíram entrevistas com os pesquisadores responsáveis pelo desenvolvimento do novo dispositivo. Não foram identificados potenciais conflitos de interesse.
Há coerência entre o foco da matéria e as evidências sobre a tecnologia? A linguagem é clara e objetiva, sem sensacionalismo?
Satisfatória
Apesar da utilização de um termo chamativo no título da matéria, não houve sensacionalismo na linguagem utilizada, que apresentou as informações de maneira coerente com as evidências disponíveis sobre a nova tecnologia.
Apresenta dados de estudos científicos publicados, informando a referência e discutindo as limitações da evidência?
Não Satisfatória
Os dados apresentados foram obtidos de um artigo científico publicado, envolvendo estudo em humanos, que foi devidamente referenciado na reportagem. Contudo, o número de participantes foi consideravelmente baixo – somente cinco indivíduos. Além disso, o tempo de duração do estudo não foi descrito e as limitações da evidência apresentada não foram discutidas.
Olhar Jornalístico
TÍTULO: O título aponta para este novo dispositivo que, implantado no corpo, promove a leitura de sinais cerebrais para transformá-los em fala computadorizada.
INTERTÍTULO: O intertítulo mostra para quem o dispositivo é direcionado e específica com uma condição médica, Esclerose Lateral Amiotrófica, da qual o falecido físico Stephen Hawking era portador.
COMO O ASSUNTO CHEGOU À REDAÇÃO: Notícia pulicada pelo jornal The Guardian e BBC.
DEFINIÇÃO: A notícia foca no funcionamento deste dispositivo que ‘traduz’ pensamentos em fala, mantendo as indicações e contraindicações para os possíveis usuários e sempre salientando que se trata de um aparelho em fase de testes. Há uma vantagem sobre essa nova tecnologia em comparação a similares e isto é descrito ao longo do texto, indiciando a motivação para a notícia ser feita.
PUBLICIDADE / INTERESSE COMERCIAL: Não foram identificados interesses comerciais.
FONTES DE INFORMAÇÃO: Entrevista de Kate Watkins para o jornal The Guardian e Edward Chang para a rede BBC, estudo relacionado ao dispositivo publicado na revista Nature.
RECURSOS VISUAIS: Ilustração do cérebro humano.
CONCLUSÃO: Ao longo da matéria se apresentou uma novidade tecnológica que poderia ser encontrada tanto em cadernos de saúde quanto de tecnologia. O dispositivo pode devolver parte da comunicação a um paciente que perdeu as habilidades de comunicação. A apresentação da notícia foi direta ao funcionamento do aparelho e manteve o tom centrado na realidade de que se trata de uma inovação, mas ainda em fase de testes. Ela ainda trouxe os estudos e entrevistas, uma delas com pesquisador envolvido no projeto, para tratar de desenvolver mais o olhar sobre essa tecnologia. No entanto, poderia trazer, já que mencionada no início do texto, condições clínicas e doenças semelhantes à ELA e que causam perda na habilidade comunicacional.
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